Sunday, July 16, 2006

So faltou referirem o "imperialismo"

Circula por aí o seguinte email:

As atrocidades da entidade sionista contra o povo palestino continuam. E os media que se dizem "de referência" continuam a silenciá-las. Ou, pior ainda, a apresentar como uma guerra legítima aquilo que é um massacre unilateral contra um povo desarmado. O Centro Palestino pelos Direitos Humanos relata hora a hora a ofensiva assassina da tropa israelense, efectuada com o apoio do governo bushista. Ver em

http://www.pchrgaza.org/


Isto irritou-me tanto que tenho que dizer porquê:

"As atrocidades da entidade sionista contra o povo palestino continuam.(...)"

Se calhar isso tem a ver com o facto de que apesar das concessões recentes dos Israelitas, que apesar de grandes divisões internas retiraram de Gaza, a resposta palestiniana foi eleger um governo liderado pelo Hamas, que é apenas uma organização Islâmica que tem como objectivo explícito a destruição do estado de Israel e a sua subtituição por um estado Islamico (onde de certeza toda a gente, especialmente os judeus, viveriam em paz e segurança, como é habitual nos pardieiros onde vigora a lei do Corão. Se calhar teve qualquer coisa a ver com as acções desse mesmo governo. Nao defendendo a violência exagerada e tantas vezes inaceitável cometida por Israel, não me parece que ela tenha caido do Ceu.

"Gosto" ainda de ver o termo "entidade sionista" usado no email. É lingugem habitual do Hamas, que, ao contrario da OLP, gosta de usar essa designação ja que não reconhece a existência do estado de Israel. E mostra bem a proveniencia deste email e as suas intenções "humanitárias" e "impaciais".

(...)"os media que se dizem "de referência" continuam a silenciá-las. "(...)

Não me parece que os media estejam a silenciar alguma coisa de muito relevante. É verdade que a TV nunca é imparcial, mas também não é justo dizer que anda a silenciar o assunto. Além diso eu posso acompanhar a situação através da Web, com acesso a agências noticiosas de todo o mundo, e a blogs e comentadores de todas as facções. Felizmente que não vivo na China nem na Coreia nem em outros paraísos de esquerda onde não teria esse luxo.

(...)"O Centro Palestino pelos Direitos Humanos relata hora a hora a ofensiva assassina da tropa israelense, efectuada com o apoio do governo bushista. Ver em
http://www.pchrgaza.org/"
(...)


Tambem gosto dos termos "assassina", etc, e da inclusão gratuita da "política bushista" (a que propósito é que o idiota de serviço foi aqui chamado?). Nao havia mais clichés para arejar? Ja agora, era este tipo de coisa que pediriam aos tais meios de comunicação de referencia? Esta perspectiva tão imparcial? Ah, faltou incluir algures no comunicado a palavra "imperialismo". Imperdoável.

Gosto também do link. Esta é talvez a parte mais desengenhosa do email. Depois de falar de "um massacre unilateral contra um povo desarmado" incluem um link para uma página que curiosamente apresenta entre outras coisas uma longa lista de mortes Palestinianas...em conflitos internos de clãs, guerras internas entre a Fatah e o Hamas, e "honour killings", em que o povo "desarmado" se anda a assassinar mutuamente com Kalashnikovs e outras "misused weapons". Além disso, o Hamas que não se preocupe, afinal de contas os seus amigos do Hezbollah, pelo menos, não estão nada desarmados, e até se dizem prontos para a guerra aberta.

So tenho a dizer que é muito triste que o simpatizante do Hamas que escreveu isto tenha aprendido a fazer propaganda na mesma escola que o ex-ministro iraquiano da desinformação. A falta de fundos já se está a reflectir no departamento de marketing.

14 comments:

Anonymous said...

É fácil estar-se do lado dos mais fortes... Veja-se a história do «estado de Israel» e vejamos se não faz mesmo falta a palavra «imperialismo» por lá...

Ah, uma coisa esses "paraísos de esquerda" têm de bom, terás de reconhecer: nunca chatearam ninguém! O que nos dias que correm, já não é chita, terás de reconhecer. Quanto ao "idiota de serviço", é para aqui chamado, pois, ou não seja o presidente do país que apoia, arma e cobre o "estado de Israel"...

Perigosa e nada imparcial é essa ligação encapotada dos libaneses e dos palestinos ao Hezbollah e ao Hamas... Cuidado, que os mísseis não têm endereço nem aviso de recepção...

Eu, cá para mim, em caso de dúvida (que nem é o caso) escolho o mais fraco. Mas isso sou eu... Abraço!

Anonymous said...

O PCP e a agressão israelita ao Líbano

Nota do Secretariado do Comité Central do PCP
14 de Julho de 2006


1. As notícias que chegam do Líbano são extraordinariamente alarmantes. Israel, violando uma vez mais a soberania e integridade territorial do Líbano, está a bombardear alvos civis e a aterrorizar as populações de Beirute e de outras localidades, nomeadamente no sul do país. É grande a destruição e são numerosas as vítimas, nomeadamente crianças.

2. Perante a impunidade das violentas acções militares desencadeadas nos últimos dias em Gaza e na Cisjordânia contra o povo palestiniano, o governo sionista de Israel sente-se encorajado a prosseguir e intensificar, com os habituais pretextos, a sua política terrorista com o objectivo de liquidar a causa palestiniana, anexar territórios, impor a sua hegemonia na região em aliança com o imperialismo.

É necessário pôr imediatamente termo a esta escalada criminosa que está a provocar inúmeras vítimas e incontáveis sofrimentos e a arrastar toda a região do Médio Oriente para um conflito de ainda mais vastas e perigosas proporções.

É necessário condenar, sem reservas, as brutais acções de “retaliação” e “castigo” de populações inteiras, com o cínico espezinhamento dos mais elementares direitos humanos e o ostensivo afrontamento do direito internacional e dos princípios da Carta das Nações Unidas, que caracterizam a política fascista de Israel. O silêncio e a cumplicidade da União Europeia e da ONU perante tais crimes, que nada pode justificar, é inaceitável e constitui um autêntico insulto à dignidade humana.

3. O PCP condena firmemente a agressão de Israel no Líbano e, tal como o faz em relação aos crimes sionistas na Palestina, exige do Governo português uma clara posição contra a escalada de agressão e guerra e em defesa do direito internacional, da paz e da soberania dos povos. A retirada de Israel de todos os territórios ocupados em 1967 e o cumprimento das resoluções da ONU sobre o direito do povo palestiniano ao seu próprio Estado independente e soberano, é condição indispensável para uma paz justa e duradoura no Médio Oriente.

O PCP expressa a sua solidariedade ao Partido Comunista Libanês, às forças patrióticas e progressistas e ao povo do Líbano confiando em que, como em provações anteriores, resistirá à agressão e salvaguardará a independência e unidade territorial do seu país.

O PCP apela ao povo português para que pelos meios ao seu alcance faça ouvir a sua voz solidária para com os povos do Líbano e da Palestina vítimas das continuadas e cruéis agressões sionistas.


PC: falamos em sionismo e em imperialismo... Seremos, também nós, apoiantes do Hamas? Não, não somos. Mas não aceitamos que o argumento da vitória eleitoral do Hamas sirva para isolar e massavrar ainda mais o povo da Palestina. Abraço!

António Araújo said...

>É fácil estar-se do lado dos mais fortes

Tenho criticado consistentemente o outro lado, penso que isso não se aplica a mim, portanto...Além disso não é nada fácil estar do lado de Israel neste ponto, é extremamente impopular até. Mas eu já defendi outras posições impopulares, e nessa altura tu até deves ter gostado. Nunca quis agradar à esquerda nem à direita. Digo o que penso.

>Ah, uma coisa esses "paraísos de >esquerda" têm de bom, terás de >reconhecer: nunca chatearam >ninguém!

A CCCP chateou muita gente no seu tempo. A koreia do Norte bem tenta. O problema deles não é falta de vontade, é falta de força, e a impotência não deve ser confundida com contenção. Não foi por vontade própria que perderam a guerra fria, pois não?

Ninguém é fraco por vontade própria.

Além disso eu só me referia às acusações de "silenciamento do massacre". Estás a falar de outro assunto. Reafirmo que nesses paises a informação é muito mais controlada. Discordas? Referi-o porque o mail era claramente parcial pela esquerda, achei portanto que vinha a propósito. Eu, pessoalmente, sou parcial pela lógica, e pisa-me os calos a retórica vazia, seja de esquerda ou de direita.

>Perigosa e nada imparcial é essa >ligação encapotada dos libaneses >e dos palestinos ao Hezbollah e >ao Hamas...

Os palestinianos elegeram o Hamas. Puseram-se assim ao lado de um movimento "extremista", mas que afinal parece que reflecte os seus pontos de vista. Lembras-te quais são esses pontos de vista? Está no manifesto deles, é a destruição do estado de Israel, não é independencia nem a saída dos territorios ocupados. Na altura eu escrevi que assim sendo lavo as minhas mãos dos problemas do povo Palestiniano, até que isto mude. Ainda é o que sinto.

Quanto ao Hezzbollah, tem lugar nos centros de decisão do Libano, mas não fiz ligação nenhuma ao povo do Libano. O Hezbollah, pode dizer-se, mantém o Libano refém. Usa-o como plataforma para atacar Israel. O governo do Libano não governa nada, o Hezbollah devia ter sido desarmado mas o governo não consegue fazê-lo. O Hezbollah É o poder *De facto* no Libano, e Israel tem todas as desculpas para cruzar a fronteira. Esqueces-te que isto começou com uma incursão no território de Israel? É uma hipocrisia virem falar da lei internacional enquanto usam um pais soberano como plataforma para ataques terroristas.

>Cuidado, que os mísseis não têm >endereço nem aviso de recepção...

Tenho perfeita noção disso. Os que caem em Israel também não têm, pois não? Eu não confundo os palestinianos nem os Libaneses com os dois grupos que referiste. Precisamente por isso é que acho que seria bom para os palestinianos e para os Libaneses verem-se livres deles de uma vez por todas. Tenho a certeza que os Libaneses concordariam em grande parte. Quanto aos plaestinianos, como já disse, se não concordam, problema deles.

>Eu, cá para mim, em caso de >dúvida (que nem é o caso) escolho >o mais fraco. Mas isso sou eu

Eu tenho sempre a tendencia a simpatizar com o mais fraco. Isso é humano. E em caso de duvida, como tu dizes, também o faço.

Mas quando a duvida se dissipa, que é o caso, não escolho o mais fraco nem o mais forte. Escolho o mais certo.

Acrescento que isso de ver Israel como o mais forte é relativo. Israel, ao contrário dos seus inimigos, não se pode dar ao luxo de perder. Só pode perder uma vez, e acabou-se. Recordo-te, mais uma vez, o manifesto do Hamas. Se Israel mostra menos contenção do que eu desejaria, o Hamas não mostra contenção nenhuma. Repito, fraqueza não é contenção. Se Israel tivesse a mesma contenção que o Hamas, com o armamento de que dispôe não seria um massacre ocasional que tu verias mas um genocidio. E seria isso que se veria em Israel se o Hamas ou o Hezbollah ganhassem.

Quanto à força e à fraqueza, quando as nações àrabes atacaram Israel, não foi de certeza a pensar que iam perder...repito que ninguém é fraco por vontade própria.

>Seremos, também nós, apoiantes do >Hamas? Não, não somos.

Ainda bem. Eu queria mesmo poerguntar-te isso. E também gostaria de perguntar se o PCP tem condenado veementemente as acçõs do Hamas, Hezbollah, e companhia, e se também verte tantas lágrimas pelos mortos civis de Israel. É que nunca vejo estes comunicados quando a agressão é da outra parte. Não deviam emiti-los com a mesma veemencia? Pelo menos nunca me chega nada ao email...

>Mas não aceitamos que o argumento >da vitória eleitoral do Hamas >sirva para isolar e massavrar >ainda mais o povo da Palestina.

Eleger o Hamas, repito, é escolher as suas ideias. As sua ideia não é a paz, é a destruição de Israel e a instituição de um regime Islamico. Isso seria o fim dos israelitas. Acho que no lugar deles farias o mesmo.

Além disso, estás a ver mal as coisas. Israel pressionou o Hamas, é certo. Está no seu direito. Mas a acção militar foi uma resposta às incursões do Hamas. Virem agora fazer-se de vitimas é um pouco amnésico. Está em causa apenas a proporcionalidade da reacção, mas de novo refiro: Impotencia nao é falta de vontade.

>Quanto ao "idiota de serviço", é >para aqui chamado, pois, ou não >seja o presidente do país que >apoia, arma e cobre o "estado de >Israel"...

Não creio que isto fizesse parte dos planos do idiota de serviço da casa branca. Nem tudo é parte do seu plano maquiavélico. Pista: Ele *não* tem um plano.

António Araújo said...

Julius, conhecer-me é sempre uma carga de trabalhos :)
Pergunta aos meus amigos de direita :p Já me chamaram coisas piores do que reaccionário :)

Eu não tenho uma inclinação partidária. Faço por não a ter. Acho uma limitação. Limita as nossas decisões e o nosso pensamento. E leva-nos a uma retórica previsível.

O que eu quero é sempre casuistico. Aqui eu quero ver uma solução que permita a Israel existir e que dê aos Palestinianos a autonomia de que eles necessitam. E que permita uma paz aceitável em toda aquela zona, que é um barril de pólvora que já nos tem estado a rebentar em cima...o povo Palestiniano tem sofrido demasiado. O povo Israelita não tem sofrido tanto, mas corre o risco constante de uma extinção efectiva, coisa que não sucede com o Palestiniano. Ambas as situações são inaceitaveis para mim. Se o Hamas desaparecesse, pelo contrario, isso não me aborrecia nada. Acho que não fazia falta nenhuma.

Quanto a posições partidárias, detesto-as. Sei que ha um lugar essencial para isso, na sociedade - simplesmente não é o meu lugar. Eu sou em vez disso a voz das vossas (in)consiciências :p. E se critíco as dos comunistas, é pelo mesmo motivo que critico as da direita: porque acho que tanto a esquerda como a direita têm coisas a contribuir para um sistema que, a funcionar, será necessariamente misto.

Quanto a partidos, faço como Jeremias o fora-da-lei:
escolho o meu lugar do lado de fora ;)

Isso não é desistencia. é uma outra forma, essencial aliás, ao processo democrático. E nem sequer é remunerada pelos fundos publicos :p

Anonymous said...

Dissipaste a dúvida do mais fraco? UAU... Descobriste que é Israel o lado mais fraco deste «conflito»? BOA! Parabéns, descobriste o que mais ninguém conseguiu...

Outra coisa... Quem até agora SEMPRE impediu a formação de um Estado foi Israel, que nunca permitiu a formação - aliás defendida em várias resoluções da ONU, que continua impunemente violando - do Estado palestiniano com capital em Jerusalém Leste. Para compreender quem tem razão nisto há várias coisas que é necessário perceber e há que recuar no tempo. O lóbi sionista (o nome é deles) defendia a criação de um estado judaico na Palestina e baseava este desejo num alegado "direito bíblico" àquela terra que, diga-se, era já ocupado por uma esmagadora maioria de população árabe que, sim, é verdade, convivia em paz com judeus e com cristãos (a coexistência entre cristãos e muçulmanos na palestina é, aliás, uma realidade ainda nos nossos dias...

A ida dos judeus para lá e a formação de israel é acompanhada de expulsões violentas de árabes, ocupações de terras e a formação de brigadas assassinas para assustar e expulsar a população árabe da «terra santa»... E tudo com a benção das potências ocidentais, que, entre outras razões, precisavam ali de um «testa de ponta» que travasse a expansão do nacionalismo árabe laico que ameaçava a posse ocidental das fontes de energia... Daí até à formação do Estado de Israel e da sua expansão para lá das fronteiras concedidas nos acordos foi um salto, seguido sempre de outro e outro e outro...

Quanto à filiação partidária não pode ser utilizada para minorar ninguém. A mim, não me retrai, pelo contrário. junto a minha inteligência à de outros e, sobretudo, não vejo a vida passar lá fora: organizo, mobilizo, protesto...

Quanto ao idiota, é ingénuo pensar que ele manda alguma coisa, sim. Mas não o é achar que os que mandam nos EUA, que não vão a votos, não têm um plano para Israel nem estão á cobrir-lhe a rectaguarda. Quem veta SEMPRE as resoluções contra israel? quem impede os inquéritos aos massacres? quem os arma?... Cuidado, o Bush, mais do que idiota é só a cara de uma longa e complexa malha de interesses - que ninguém pode negar que são poderosos.

Abraço

Anonymous said...

Ah... criticar o sistema ou quem o combate da mesma maneira é um equilíbrio perigoso. Não estar contra o que está acaba por ser - de uma forma ou de outra - estar «com»...

É mais cómodo estar no meio, não tomar partido, criticar uns e outros... Sai-se sempre «limpo»... Mas não é assim que o mundo avança...

António Araújo said...

>Dissipaste a dúvida do mais fraco? >UAU.Descobriste que é Israel o lado >mais fraco deste «conflito»?

Nao leste que eu disse. Disseste, "Eu, cá para mim, em caso de dúvida (que nem é o caso) escolho o mais fraco.". A duvida que tu referiste não era acerca da identidade do mais fraco, pois não? Era acerca de quem tinha razão. Eu respondi, de forma clara, portanto, que achava que desta vez Israel tinha razão.

O que eu também disse, mais à frente e noutro contexto, foi que Israel, sendo claramente o mais forte, é também o lado que corre o risco mais absoluto (de aniquilação em caso de derrota). Como eu disse, só pode perder uma vez. Portanto também não se pode dar a certos luxos.

>há que recuar no tempo

Recuar até onde, é sempre a questão :). Vires buscar História comigo é agitar um ninho de vespas cujo zumbido me agrada muito :p

Como deves imaginar, estou-ma a lixar para o argumento da terra prometida ou outras tretas religiosas, mas desde para aí um milenio antes de cristo que houve naquela area uma sucessão de reinos judeus. Queres recuar? Recua até ao ponto onde aquilo se passou a chamar Palestinia: foi quando os ocupantes romanos expulsaram os Judeus dali após uma revolta destes. Até mudaram o nome para apagar a ligação aos judeus. Chama-se a isso genocídio. Não te cheira a nada de conhecido? Foi em 135 da nossa era. Achas o quê, que "já prescreveu"? Porquê? Então os israelitas podem dizer o mesmo. Ja ocupam aquilo ha umas decadas. Prescreve ao fim de quantos anos? 10? 40? 600? Prescreve quando o povo desiste da sua terra. Os palestinianos não desistiram da terra que "é deles", os judeus também não. Apenas estiveram algo ausentes (em número - na verdade sempre existiu lá uma comunidade judia razoavel ) até ao sec XIX em que os numeros começaram a aumentar (com a ajuda do movimento Zionista - sim, eu sei que é o nome do movimento do *Socialista* M.Hess, o que contestei foi usar "entidade zionista" para descrever o *governo* ou o *estado* de Israel) Ja agora, os muçulmanos só tomaram aquela zona lá pelo seculo VIII. Depois foi dos cruzados, e depois foi do império Otomano. A quem é que pertence a terra, podes dizer-me?
Isso da pertença tem muito que se lhe diga. A posse mais antiga *e mais prolongada* é dos judeus. Todos os outros, ou desapareceram da Historia (os judeus tiveram o cuidado de aniquilar alguns residente prévios) ou foram posteriores. Os "palestinianos" são comparativamente recém-chegados. Aliás, o termo "palestiniano" é giro. So quer dizer "habitante da palestina", mas os que tomaram o nome por seu, politicamente, são os muçulmanos. É como no Kosovo, em que se chama "kosovares" àqueles a quem politicamente se decidiu atribuir o direito à terra - excluindo nesse caso os sérvios, mas aí tu já não gostas...(eu também não, mas não por alinhamentos estratégicos)

>a coexistência entre cristãos e >muçulmanos na palestina é, aliás, >uma realidade ainda nos nossos dias

(pacífica? A comunidade cristã é sempre bem vinda nos regimes muçulmanos, a viver debaixo da lei teocratica muçulmana e a bater a bola baixinho. Se quiseres arranjam-se uns links. Não agites muito esse estandarte)

>e baseava este desejo num alegado >"direito bíblico" àquela terra
>que, diga-se, era já ocupado por uma >esmagadora maioria de população >árabe

Como ja disse, para o direito biblico, estou-me a lixar. Mas acrescento que tambem me lixo para o mesmo tipo de motivos religiosos que façam com que os arabes não possam largar certos locais. Aquela zona é santa para todos os tarados religiosos, e ja agora o Vaticano também poderia dizer que ja teve lá o reino dos cruzados. Os ingleses poderiam ter ficado com aquilo tudo já agora...:D

Quanto aos numeros, do que que ja disse tira-se: os israelitas eram maioritarios antes dos romanos, os muçulmanos so quando tomaram aquilo ha umas centenas de anitos, e agora os judeus sao maioritarios em territorios que nem por isso o Hamas lhes quer conceder, e os "arabes" são maioritarios noutros (como Gaza). Isso resolve pouco. Ja agora, os "palestinianos" não são bem "àrabes". Mas são, claro, "muçulmanos", isso é essencial (podem ser cristãos e ter direito ao nome, mas só se forem poucos - cada vez menos - e não chatearem, so para dar a ideia de que aquilo não é uma teocracia islâmica pouco multi-cultural).

>E tudo com a benção das potências >ocidentais, que, entre outras >razões, precisavam ali de um «testa >de ponta» que travasse a expansão do >nacionalismo árabe laico que >ameaçava a posse ocidental das >fontes de energia...

É tão bom quando uma realidade complexa de multiplas influencias se reduz a um conto de fadas com bons e maus. Os judeus tnham muita influência, mas a coisa não foi suave. E as "potencias ocidentais" omnipotentes incluem aqueles ingleses que chegaram a sofrer ataques terroristas dos proprios israelitas porque lhes estavam a pisar os calos. Mas sim, foi tudo suave e muito bem arquitectado. Please!...

Quanto ao nacionalismo àrabe *laico*, não é bem o que está em causa no momento...

>Quem veta SEMPRE as resoluções >contra israel?

Chama-se a isso ter aliados. Não quer dizer que os EUA estejam a par de tudo, e que tudo ocorra a seu gosto. Também ha outros senhores que votavam sempre em bloco e tu gostavas. URSS, China, etc, eram sempre previsiveis nos votos. Repito: chama-se a isso ter aliados.

>Quanto à filiação partidária não >pode ser utilizada para minorar >ninguém.

Nem a falta dela. Foi o que eu disse. Portanto não insinues que se demite das responsabilidades quem não se juntar a um grupo qualquer. Não me junto a nenhum porque não me identifico com nenhum e não preciso do morninho da pertença. Se tu te identificas, isso é contigo, acho muito bem.

Mas sabes as filiações serve para prever alinhamentos. As certezas morais e os alinhamentos tão claros não decorrem das preocupações humanitarias - vêm dos tempo em que outras potencias (alem daquelas que tu vilificas), certamente "benevolentes", estavam tambem elas interessadas em influenciar a regiao. Lembras-te da guerra fria? É daí que vêm os alinhamentos tão claros da esquerda, não me venham falar das preocupações tão claras e unilaterais com os direitos humanos, que não perturbam nada a esquerda em outros casos.

Eu, que não não tenho que manter consistencia historica com nada disso, estou apenas interessado em ver resolvido um conflito que é perigoso para toda a gente. Quero a sobrevivencia do estado de Israel, e a existencia de um estado "palestiniano" soberano que resolva o problema dos refugiados. E quero paz na região. É tudo.

Ah, e, sim, tb estou interessado no destino dos recursos energeticos. Oh dear, que horror...nao estou nem fora da Historia nem fora do mundo, e é claro que me prefiro aliar aos israelitas se a coisa der para o torto, primeiro porque me identifico muito mais com eles do que com os arabes, e depois porque de facto temos muito mais interesse neles como aliados do que num povo que connosco não tem grandes relações e que está a cair cada vez mais num fundamentalismo religioso que nos é hostil. Quanto aos tais àrabes laicos, gosto muito da ideia, mas convinha apoiar esses em vez do Hamas, Hezbollah, e dos idiotas religiosos de serviço do Irão (sim, porque a idiotice, quando nasce, é para todos)

António Araújo said...

Não posso deixar de notar isto: Quando dizes "é preciso olhar para trás", queres dizer na verdade "é preciso olhar para o meio", porque tanto no passado mais distante como no presente mais recente são os judeus a dominar o território que o Hamas quer recuperar :p

Quando as pessoas querem saber de quem é a culpa, começam a recuar (o teu pai matou o meu avo, que matou o teu bisavo, *porque este matou o meu trisavô`(...)) e param sempre onde lhes convém :p

Enfim, isto tem pano para mangas

Um abraço,
A.

António Araújo said...

Ja agora - as potencias ocidentais que ocuparam durante centenas de anos certos territorios africanos, tiveram que desocupa-los. Porque é que os Africanos (neste caso os africanos negros, claro, os outros não vêm ao caso apesar de terem nascido lá) não perderam o direito à terra? Não prescreveu nesse caso? Mas o direito dos israelitas prescreveu? Diz la qual é o numero de anos exacto que está em causa. Ou será uma questão de côr e religião? Ou será só uma desculpa para apoiar o lado que estrategicamente e politicamente nos convém?

O direito à terra é uma questão de vontade e de força. Sempre foi. E entre as várias forças em jogo está a da retórica. A esquerda tem um certo jeito para isso, mas está a tornar-se repetitiva na propaganda, e o efeito perde-se um pouco. Além de que escolhe sempre como aliados uns tipos algo duvidosos. A recente associação a extremistas islâmicos por exemplo já chateia. Será que não percebes que o Islamismo (ainda mais que o cristianismo) deveria ser um inimigo natural da esquerda?

Se o Judaismo é um tumor benigno (porque não se espalha), e o cristianismo é uma metastase maligna deste (felizmente em remissão), o islamismo é hoje um cancro em expansão rápida.

António Araújo said...

>Ah... criticar o sistema ou quem o >combate da mesma maneira é um >equilíbrio perigoso.

Ahhh!!....porque SÓ ha dois lados. Muito me ensinas. Essa dicotomia é muito cristã...

Alem disso, a vida É um equilibrio perigoso.

> Não estar contra o que está acaba >por ser - de uma forma ou de outra - >estar «com»...

Ou se calhar estamos de um terceiro lado. Se calhar gostamos de decidir caso a caso e não por pacotes que nos são dados pelas lideranças. Eu voto (quando acho que vale a pena), mas não dou carta branca nem faço alianças a toda a prova.

>É mais cómodo estar no meio, não >tomar partido, criticar uns e >outros... Sai-se sempre «limpo»... >Mas não é assim que o mundo avança...

Mais cómodo uma ova. Ja perdi muitos amigos que prezava por me recusar a calar-me quando discordo deles. Mais cómodo é escolher um grupo onde toda a gente dá palmadinhas nas costas uns dos outros e hà uma grande comunhão e apoio mútuo. Isso e´muito bom, mas eu não concedo a minha liberdade de pensamento para sentir isso. Insistir na liberdade de estar de fora é duro e frio e solitário. É como ser ateu num mundo de religiões. Requer um grande amor à liberdade.

E a comunhão politica (por exemplo, mas não só, a do comunismo) é muitas vezes o ópio dos ateus. O porreirismo de pertencer a uma causa fixa é muito fixe, agitar bandeiras no meio da multidão é porreiro, muitos sorrisos e cervejolas. Acho bem. Mas não me venhas falar de ser fácil estar de fora. E não, não se fica sempre limpo e bem com todos. É-se um porco fascista para os comunistas e um agitador de esquerda para os de direita. É natural, os ateus são sempre heréticos...

E quando dizes que não é assim que se avança, discordo. Não quero "avançar" para as tretas que os varios partidos foram propondo. Avançar para o paraiso socialista foi uma maravilha, realmente. Prefiro uma sociedade onde se discute tudo caso a caso, com a geração de ideias e confronto de interesses de facções multiplas. O meu modelo são os gregos, não é o Comité Central. Estamos longe do modelo que pretendo. Vês? Também tenho um sonho...:p

Anonymous said...

ontem disseste que tinhas respondido ao meu mail, e que a resposta tinha sido devolvida; e disseste o que achas de Israel/Palestina/Líbano/etc, e também que andavas a discutir isso na net...

e pergunto eu: era isto que eu devia ter recebido?
andas a coleccionar opiniões retrogradas e racistas sobre o Médio Oriente e os árabes? ou estás só a dar ouvidos aos teus preconceitos?

...

sinceramente nem tenho vontade de ler o que vem a seguir...

António Araújo said...

>andas a coleccionar opiniões >retrogradas e racistas sobre o Médio >Oriente e os árabes?

Se me puderes dizer em que é que as minhas opiniões são racistas e retrógradas (citando o que eu disse explicitamente) eu poderei responder. Mas se só usas a palavra como arma, não há muito que eu possa fazer. Eu por exemplo acho racista a forma como os israelitas são tratados pela esquerda e pelos àrabes, mas não tive que recorrer a esse argumento, nem o farei, porque nem é relevante, nem o "julius" trouxe isso à baila. Faço notar que ele teceu argumentos, com os quais discordo, é certo, mas sem ter necessidade de me acusar desses lugares comuns. Assim dá para conversar, mesmo que não se chegue a acordo.

Assumo, é claro, que realmente leste o texto antes de decidir chamar-me racista e retrogrado. Se ficaste por uns tópicos fizeste mal. Eu estava a tentar tecer um argumento racional e não a atirar slogans partidários, sejam de esquerda ou de direita. Isso requer que se leia tudo antes de tirar conclusões. Assim sendo acho que mereço uma citação contextualizada do meu pecado, se ele existe.

António Araújo said...

Este artigo é "priceless", especialmente os ultimos comentarios do Blair:


(http://www.iht.com/articles/2006/07/17/news/bush.php)

(...)
"What about Kofi? That seems odd." Bush complains about Annan's approach to the crisis, and about Annan's holding a view shared by many leaders at the talks - that Israel and Hamas and Hezbollah should cease fire and hash out their differences.

The Americans have said that Israel will probably stand down only if Hamas and Hezbollah return the soldiers they have kidnapped and cease the shelling of Israeli towns.

"I don't like the sequence of it," Bush says. "His attitude is basically cease fire and everything else happens."

He goes on to say the United Nations should directly enlist the Syrians to intervene.

"I feel like telling Kofi to get on the phone with Assad and make something happen," he says to Blair.

"See, the irony is that what they need to do is get Syria to get Hezbollah to stop doing this shit," Bush says, "and it's over."

Blair reiterates his advocacy, made earlier in the day with Annan, for an international force to be dispatched to the area: "I think the thing that is really difficult is, you can't stop this unless you get this international presence agreed."

And Blair goes on to say something that most leaders have avoided saying outright: "But you need that done quickly, otherwise this will spiral out of con-" Before he can get the word out, Bush blurts out, about Secretary of State Condoleezza Rice, "Yeah, she's going. I think Condi's going to go pretty soon."

Blair says,

"If she goes out, she's got to succeed, as it were, whereas I can just go out and talk."

(...)

António Araújo said...

>andas a coleccionar opiniões >retrogradas e racistas sobre o Médio >Oriente e os árabes?

Não, mas ando a coleccionar canções anti-racistas sobre os mesmos:

Monty Python's AntiRacist Song:

Monty Python's anti-racist song

Lyrics:
"Never be rude to an arab
An Israeli, or Saudi or Jew
(etc)"

Why not?

(Watch the ending):)