A skydive from 16000ft lasts only one minute. In that precious time you can screw up in a hundred different ways. There are a thousand different ways to screw up a drawing in one minute, and this is a catalog of a few. I shall draw you on the beaches, on the landing grounds and on the hills, and I shall never surrender. And you will comment on how "Meh, it's ok but it doesn't really look much like me", 'cause everyone's a critic, goddamit!
Sempre quis saber desenhar (talvez seja aquele eterno fascínio do momento-por-si-e-em-si, para lá das palavras). Mas nasci sem esse dom, e não pude senão resignar-me a admirar os desenhos dos outros. As tuas histórias contadas a carvão deixaram-me verdadeiramente sem palavras. Tens no traço o pulsar da vida, apanhas na ponta do lápis o essencial de um sorriso, um esgar, um silêncio, e abres uma janela para as vidas anónimas em que tropeças. Os teus desenhos revelam a quem os observa a vida dos outros. E, ao mesmo tempo, um pouco da tua. Obrigada por partilhares. :)
Olá, Ainda bem que gostaste. :) Se sempre quiseste desenhar, porque não fazê-lo? Nada mais fácil. E não me digas que desenhas mal. Qualquer coisa que vale a pena fazer, vale a pena fazer mal (a princípio). Eu desenho mal há muitos anos e divirto-me na mesma :) Se não sabes por onde começar, vê nos arquivos de julho do blog os varios posts sobre o "blind contour drawing". São uma forma de começar tão má como qualquer outra. ;)
Uma das teses recorrentes deste blog é que o desenho é válido acima de tudo como acção pessoal, intransmissível, não delegável, como experiência, e só de forma secundária, quase acidental, como objecto estético final.
Desenhar é uma forma de observar. Se não és tu a observar, o que ganhas com isso? É certo que o autor por vezes selecciona e guia o teu olhar para os detalhes em que reparou. Mas muitas vezes não serás capaz de os ver mesmo assim, se o teu olho nao estiver treinado. E para mais não terás tido a primeira experiência. Lês meramente o relatório de um emissário, que para mais cumpria a sua própria missão e não a tua...
Começa a observar, em todos os momentos. Mesmo no primeiro dia, mesmo sem lápis na mão, já estarás a desenhar. Por vezes eu desenho mesmo sem lápis, só com movimentos da mão no espaço vazio. Por vezes até mesmo apenas com movimentos dos olhos. Por vezes até mesmo de olhos fechados, ao pensar num detalhe no qual reparei, descrevendo-o de memória para mim próprio - por vezes por traços que vejo por detrás das pálpebras, por vezes por movimentos que os tendões esboçam imperceptivelmente, por vezes por palavras sub-vocalizadas...
Mas exprimi-me mal, talvez. Eu, na verdade, desenho. Mal (lamento, mas não posso evitar dizê-lo, uma vez que é um facto), mas nem por isso me nego o prazer de rabiscar no papel. Fui desenhando um pouco de tudo ao longo dos anos, e lendo aqui e acolá sobre desenho e as suas técnicas. Melhorei alguma coisa, pela força do "água mole em pedra dura tanto dá até que fura", mas na verdade permanecerei sempre uma "desenhadora de segunda". O que não me impede de me divertir!
Digamos que a fotografia é a forma que encontrei para superar a minha ineptidão para o desenho. Quando fecho os olhos e visualizo uma sereia, inevitavelmente o meu lápis rabisca um porco cruzado com cavalo. Mas na lente da máquina, tudo se encaixa perfeitamente, e as proporções, as perspectivas, as cores, os movimentos, os ângulos... todos eles chegam ao meu cérebro com a força de um clarão.
Concordo contigo quanto à pessoalidade inerente a qualquer forma de expressão (no caso, artística, o que é um mero pormenor ou "acidente de percurso"). Mas, ainda assim, cada um tem linguagens que lhe são mais naturais, que fluem das muitas fibras de que se tece o seu ser. E em mim, essas linguagens são a fotografia e a música. E, de um modo um pouco diferente, a escrita.
No fim de contas, desenhar dá-me gozo. Diverte-me e testa os meus limites. Mas não deixa de ser como tentar falar uma língua estrangeira em que se é apenas principiante: nunca se chega àquele conforto da livre expressão, da eloquência. Prossegue-se nos labirintos linguísticos às apalpadelas, a medo, apontando o que não se sabe nomear, com o erro sempre na ponta da língua. Rodeado de sons que se ouvem sem se entenderem, mas que talvez por isso mesmo deslumbram e fascinam em todas as suas desconhecidas tonalidades.
3 comments:
Sempre quis saber desenhar (talvez seja aquele eterno fascínio do momento-por-si-e-em-si, para lá das palavras). Mas nasci sem esse dom, e não pude senão resignar-me a admirar os desenhos dos outros.
As tuas histórias contadas a carvão deixaram-me verdadeiramente sem palavras. Tens no traço o pulsar da vida, apanhas na ponta do lápis o essencial de um sorriso, um esgar, um silêncio, e abres uma janela para as vidas anónimas em que tropeças.
Os teus desenhos revelam a quem os observa a vida dos outros. E, ao mesmo tempo, um pouco da tua. Obrigada por partilhares. :)
Olá,
Ainda bem que gostaste. :)
Se sempre quiseste desenhar, porque não fazê-lo? Nada mais fácil. E não me digas que desenhas mal. Qualquer coisa que vale a pena fazer, vale a pena fazer mal (a princípio). Eu desenho mal há muitos anos e divirto-me na mesma :)
Se não sabes por onde começar, vê nos arquivos de julho do blog os varios posts sobre o "blind contour drawing". São uma forma de começar tão má como qualquer outra. ;)
Uma das teses recorrentes deste blog é que o desenho é válido acima de tudo como acção pessoal, intransmissível, não delegável, como experiência, e só de forma secundária, quase acidental, como objecto estético final.
Desenhar é uma forma de observar. Se não és tu a observar, o que ganhas com isso? É certo que o autor por vezes selecciona e guia o teu olhar para os detalhes em que reparou. Mas muitas vezes não serás capaz de os ver mesmo assim, se o teu olho nao estiver treinado. E para mais não terás tido a primeira experiência. Lês meramente o relatório de um emissário, que para mais cumpria a sua própria missão e não a tua...
Começa a observar, em todos os momentos. Mesmo no primeiro dia, mesmo sem lápis na mão, já estarás a desenhar. Por vezes eu desenho mesmo sem lápis, só com movimentos da mão no espaço vazio. Por vezes até mesmo apenas com movimentos dos olhos. Por vezes até mesmo de olhos fechados, ao pensar num detalhe no qual reparei, descrevendo-o de memória para mim próprio - por vezes por traços que vejo por detrás das pálpebras, por vezes por movimentos que os tendões esboçam imperceptivelmente, por vezes por palavras sub-vocalizadas...
Experimenta. Agora mesmo. Olha em volta. :)
Have fun :)
Olá outra vez. :)
Antes de mais, obrigada pelo encorajamento.
Mas exprimi-me mal, talvez. Eu, na verdade, desenho. Mal (lamento, mas não posso evitar dizê-lo, uma vez que é um facto), mas nem por isso me nego o prazer de rabiscar no papel. Fui desenhando um pouco de tudo ao longo dos anos, e lendo aqui e acolá sobre desenho e as suas técnicas. Melhorei alguma coisa, pela força do "água mole em pedra dura tanto dá até que fura", mas na verdade permanecerei sempre uma "desenhadora de segunda". O que não me impede de me divertir!
Digamos que a fotografia é a forma que encontrei para superar a minha ineptidão para o desenho. Quando fecho os olhos e visualizo uma sereia, inevitavelmente o meu lápis rabisca um porco cruzado com cavalo. Mas na lente da máquina, tudo se encaixa perfeitamente, e as proporções, as perspectivas, as cores, os movimentos, os ângulos... todos eles chegam ao meu cérebro com a força de um clarão.
Concordo contigo quanto à pessoalidade inerente a qualquer forma de expressão (no caso, artística, o que é um mero pormenor ou "acidente de percurso"). Mas, ainda assim, cada um tem linguagens que lhe são mais naturais, que fluem das muitas fibras de que se tece o seu ser. E em mim, essas linguagens são a fotografia e a música. E, de um modo um pouco diferente, a escrita.
No fim de contas, desenhar dá-me gozo. Diverte-me e testa os meus limites. Mas não deixa de ser como tentar falar uma língua estrangeira em que se é apenas principiante: nunca se chega àquele conforto da livre expressão, da eloquência. Prossegue-se nos labirintos linguísticos às apalpadelas, a medo, apontando o que não se sabe nomear, com o erro sempre na ponta da língua. Rodeado de sons que se ouvem sem se entenderem, mas que talvez por isso mesmo deslumbram e fascinam em todas as suas desconhecidas tonalidades.
Bj.
A.
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