Tuesday, December 27, 2005

No more people


No more drawings of people for a few days.

Sometimes I feel we are simply too many. Craving for the same, of which there is too little, we step on each other's toes in our mad rush for salvation. In blind panic we claw at each other like a drowning man at his would-be saviour. Caught between fear and desire, we become murderous and petty, like so many rush-hour christmas shoppers, stabbing for possession of that last useless shiny trinket. We create abstract notions of scarcity by our greed. We create abstract notions of desire, by the projection of our emptiness. And the real scarcity, and the real desire, and the real emptiness, get masked under the light and thunder of pain and anger, and are put aside, and forgotten, but for that weight in the chest, that vacuum that hurts, the absence of something you cannot quite put your finger on...

And when it becomes too crowded, that simple gift - happiness - seems too childish, its voice too soft to sound important in face of the thunderous shoutings of pain and anger and turbulent feelings. And it gets silenced. Happiness, the seeking of it, was never a subject of public policy. It never launched a vessel, never started a war, never kept a love affair afloat. It just doesn't seem important enough. Need, greed, and fear, those make the world go 'round...in a downward spiral, so it seems...

And when it becomes too crowded, you all seem so many, I forget to love you. I forget you are all a bit of me. Even if I can still say it. And I would trade the whole blue globe for a bubble with room for two.

So no more drawings of people for a few days. Not until I love you all again...

7 comments:

Anonymous said...

"O medo vai ter tudo/até sermos reduzidos a ratos/sim, a ratos" (por questões de direitos de autor: Alexandre O'Neill) Bah!Fatalismus...não gosto de fatalismos...Bah...Essa descrição, perfeita na forma, não me parece que atinja a substância. Com o devido respeito (pois é notório como estes estádios/percepções andam intermitentemente a minar-te partes do sistema - não deixes, tens demasiado para dar!), mas... pensas, porventura, que não somos diariamente confrontados/corroídos por esse mesmo descrédito - aqueles a quem tu alegadamente já não amas? e já agora, o que é isso de amar a abstracta, "alegada" humanidade??- E quando chega a nossa vez de estar na berlinda, de sermos testados? Que pontuação damos a nós próprios à luz da nossa exigente (intransigente?) bitola? é que o pior é mesmo quando o próprio agir é em tudo demasiado semelhante ao do objecto da queixosa crítica... Pois é, eis o eterno dilema: como aceitarmos a nossa/alheia imperfeição? é difícil sondar os nossos próprios desígnios e ainda mais os dos nossos eventuais semelhantes... - "ni anges , ni bêtes"...

António Araújo said...

"ni anges , ni bêtes"...

Ou ambos...

António Araújo said...

e eu estava incluido

António Araújo said...

Isto são assuntos do estômago, e dos pulmões. Não são assuntos abstractos. Quando doi o estômago, é preciso deixá-lo repousar um pouco, é tudo. Caminhar pelo bosque, respirar ar puro.

Não há filosofia, so há fisiologia.

Anonymous said...

"Livrem-me da dor física, que eu me encarregarei da dor psicológica"? Nah, não me convence esse escudo na fisiologia:)... Há aí uns metaforismos que me estão a escapar:)...
Ressalva importante: as minhas tentativas de esgrimir (no vácuo?)...não passam disso...tentativas de expor uma outra perspectiva - que não é de todo inovadora, sei-o bem, e que muito menos pretende captar determinada estrutura/estádio pessoal. Esta minha intenção de tentar agitar um bocadinho as águas... acarreta necessariamente o risco de as deixar (fastidiosamente) turvo-estagnadas...

... Seja como for, também eu vou apanhar ar fresco, caminhar pelas matas, reencontrar as minhas raízes em terras do Alto Minho!
Até breve, e acima de tudo um 2006 meta-nomenclatural, cheio de saúde e que tenhamos coragem para embarcar nessa complicada tentativa de concretização da felicidade...!

Anonymous said...

P.S. - Ruminando, resumindo e baralhando... Impulsividades supérfluas/ filosofias-categóricas-de-trazer-por-casa aparte, a indefinição /ambiguidade /incompletude da alma humana, que, com efeito, descreveste de forma muitíssimo incisiva, podem, de facto, conduzir a uma tacanhez/ganância/sede de poder incomportáveis/insuportáveis (as atrocidades “mais ou menos significativas”, motivadas ou gratuitas – e estas últimas então de uma atordoante insondabilidade - estão aí)... mas também a uma sede/busca incessante pelo tal "sentido da vida"- ou mistura dos dois, estádios alternativos/intermédios/intermitentes...

...a questão reside talvez/pelo menos em parte no facto de o lado negativo /ganancioso /mesquinho resultante desta nossa "insatisfação" /desorientação ser, por inerência, despótico e, como tal inibidor/"castrador" da liberdade do resto da malta (e da própria) – daí a sua notoriedade maior, abate-se sobre nós, sobre os outros...

No fundo, reconheço quão certeira é a tua crítica (claro que atinge a substância!), como pões o dedo na ferida...mas só em parte:)... a bem do ânimo:)...e também da incontornável 2.ª oportunidade/ redenção – enfim, o que for – a que qualquer um de nós terá direito... o que fundamentará também a questão do teste, do percorrer/resolver diário – progressivo, regressivo, mas quase sempre? por inacabar - dos dilemas, das situações...

Agora vou para o Norte...um bom ano... e um abraço.

António Araújo said...

Mn, como te convencer (tarefa impossível) de que afinal tudo se resume a uma disfunção do sistema respiratório/entérico/límbico, e que, no entanto, e aliás, por isso mesmo, não quero de todo dizer que a palavra "apenas" seja para aqui chamada?...não ha coisas no céu e na Terra, caro Horácio, que ultrapassem o domínio da tua *fisiologia*...

Um abraço, e boa viagem :)