Monday, March 02, 2009

Delírios Marxistas II - como lidar com os erros: negação e censura

Vimos no post anterior que o nossos amigos bloquistas eram crédulos e ignorantes. Vemos agora que além disso são desonestos.

Quem seguiu o link que coloquei para o blog do Bloco de Esquerda de Vila Real não encontrou a citação referida. Porquê? Porque o bloqueiro/blogueiro em causa apagou-a sem deixar rasto. Quem estiver interessado ainda a pode encontrar na cache do google. Mas na página do bloco só se encontra isto:

"A anterior frase foi publicada na segunda página de um jornal ucraniano, onde refere que a frase pertence ao segundo volume do Capital... talvez tenham cometido algumas incorrecções na tradução.. :)

A pedido de muitas famílias, a anterior frase foi retirada e colocada outras três para que o tom dos comentários acalme :)"

E com um sorriso o nosso amigo elimina as provas, senão do crime, certamente do embaraço. Em vez de admitir o erro diz agora que a frase veio num jornal Ucraniano. Que exótico, agora lê jornais Ucranianos. Deve lê-los tanto quanto leu o Capital. Curiosamente refere que é na segunda página, mas não refere qual o jornal. É muito util, obrigado. Ah, e vem no segundo volume do capital (quando pela Net esta patranha vem com a data de 1867, que por acaso é a data do primeiro volume - o segundo é bastante mais tardio, foi o Engels que o publicou anos depois da morte do Marx).
Depois afirma ainda que "talvez" tenha "algumas incorrecções na tradução", o que dá muito jeito porque impede qualquer busca. Tanta desonestidade, e feita com tão pouco jeito, só pode causar nojo. Não há mesmo palavras...

Porque não admite, caro senhor, que simplesmente postou uma parvoíce que lhe chegou no email? Que foi enganado. Que nunca sequer pôs os olhos em cima do Capital e que não distingue o Marxismo do Confucionismo. E deixe lá os seus jornais Ucranianos. Chama-se a isso uma retracção. Bastava um comentário informal, tipo "eh, pá, enganaram-me", e pronto - em vez desta limpeza ao estilo das fitas do Nixon. Assim , pela calada, apagou a citação e os comentários. Que eram aliás cómicos e, suponho, embaraçosos. Ao que me lembro um visitante levantara objecções. Logo os defensores da esquerda o estraçalhavam e acusavam de imbecilidade, eles, os conhecedores profundos (hah!) das obras do camarada Marx.

O que nunca chegou a estar no blog foram os dois comentários que enviei a avisar do erro. Ficaram retidos para avaliação do blogueiro, e depois, silenciosamente, foi tudo eliminado com um sorriso, ao estilo tradicional dos estados policiais comunistas. Agradeço-o, torna bastante claro o espírito destes senhores. Se nem uma parvoice destas enfrentam com decência, isso diz muito do que fariam no poder. O senhor mostra grandes qualidades, terá futuro como censor, ou político.

Estes senhores podem não ser Marxistas. Falta-lhes o intelecto para tanto. Mas lá Estalinistas são eles.

post scriptum, escrito bastante depois: e nada disto muda o facto de que eu votei neste partido. Ah, pois, o mundo é complicado. A questão é saber quais são as alternativas em cada momento. E se o partido contém muita gente que me arrepia também é facto que contém algumas das poucas pessoas que fizeram propostas com sentido durante esta crise. Tal como com a CDU, tenho em relação a este partido uma relação de amor-ódio, que vai flutuando de acordo com atitudes parvas, questões de fundo, e com a minha própria evolução pessoal, sempre complicada e cheia de tropeções...em última análise, a minha ira talvez se exalte com demasiada facilidade, e o meu ataque deveria ter sido dirigido mais cirurgicamente, à pessoa específica, seja quem for, que tomou as opções que tomou.

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